Sintra Subterrânea

do enraizado conhecimento da Terra, à beleza observável da Serra

    Sintra elegantemente se reveste para quem a vê em vestes diurnas, em nocturnais adornos que seu charme para si corações chama. Sentimos dentro de si, encerrado em seu silêncio, o preso coração que só se julga, entre todos aqueles que por ela se apaixonam.
   Querem-na para eles, só para si em sua paixão, apenas desejando a lenda de seu fogoso amor com outros partilhar, a sua electrizante e eternal atracção.
    Ela, tão desejada e tão selvagem, de todos se desligando cala para si seus segredos, sempre esperando um novo dia para novos tons de velhas cores voltar a vestir, uma velha noite de brilhantes memórias mil, quais adornos, aguardando. E dentro de si no corpo que cala, o silêncio continua.
    Os ventos que em silêncio de seu dormir, sobre si, sobre seu corpo sopram, enfunam as velas das naus da memória que em vetustos oceanos do tempo as levam por novos mares de desvendados segredos.
    É também dos fechados livros que as memórias da nação guardam, que mais ventos se levantam, poeirentos manuscritos enfunando, naus da esperança da conquista levando-nos a novas Terras da Serra, Terras que um dia apenas velhas memórias a ser enfunadas serão, para futuras naus pelos velhos oceanos do tempo navegarem.
     É em palavras na procura de palavras que seu tesouro para a Humanidade, nas profundezas de seu corpo, do tempo matéria em subterrâneos da memória, alcança sua observável beleza, que como ela, aparecerem em novas vestes, em novos tons de velhas cores, novos brilhantes que sua noite iluminam com os reflexos do luar.
    Assim se abram interiores mares com suas marés de memórias, rompendo-os as naus de enfunados manuscritos, atrás de si escuma de palavras seu rasto deixando, rumo mostrando que a novos portos, a novas Terras da Serra, a todos nos levará.
    É esta a demanda por mais de sua beleza. É esta a demanda por mais de suas enraizadas memórias, pelos conhecimentos em suas raizes, veias de seu corpo por onde o nobre sangue da vida corre, pelo observável verde manto de esmeralda recoberto, pelos diamantes em bruto que adornando a cumeiam, pelos colares de ar que interior de seu corpo percorrem onde o tempo por esses passando mais memórias deixa.

O Caminheiro de Sintra
04.11.2010

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