Apresentação:
Rui Gonçalves | Sintra Subterrânea
20.11.2013
“Segundo a opinião de autores antigos dignos
de fé, já em eras remotíssimas se chamava Promontório da Lua ou Cynthia, sob
cujo nome os primeiros habitantes da Lusitânia adoravam aquele planeta. Segundo
eles, de Cynthia se deriva a palavra Cintra. De acordo com a maior parte dos
autores, a fundação desta vila principiou por um templo edificado pelos Gregos,
Galos-Celtas e Túrdulos, 308 anos antes de Jesus Cristo, e dedicado à Lua.
Quiserem dedicar este templo ao imperador Octaviano Augusto II, mas, como este não
consentiu em semelhante apoteose, o dedicaram então à Lua. Isto se acha
confirmado por vários cippos e outras pedras com inscrições que por aqui têm
aparecido em várias épocas.”
São com estas palavras que Pinho Leal, autor da obra “Portugal Antigo e Moderno”, no ano de 1874, descreve Sintra,
enfatizando a sua associação à Lua e a cultos antigos dedicados a esse mesmo
astro. De facto, e escusando-nos a qualquer reparo critico às suas palavras,
Sintra, pela sua posição geográfica de Finisterra, situada nos confins do velho
continente europeu, sempre se viu associada a ideias de ordem mítica e sagrada,
situação essa que não se perdeu durante o fenómeno da cristianização do espaço
e parece ter-se acentuado posteriormente pelos escritores românticos ao designarem-na
como paraíso terrestre. Não deixa também de ser curioso que um dos seus monumentos mais emblemáticos, - o Castelo dos Mouros - de certa forma mantenha viva a tradição lunar, não fosse o crescente símbolo da
mouraria.
Não desviando o assunto da sua íntima relação com a Lua, é sobre isso que o filme se debruça, há que dizer que esta conotação, na antiguidade pressuponha este astro como divindade e a consideração da existência de um culto, possivelmente em paralelo com adoração do Sol, não fosse Selene – associada à Lua – irmã de Hélio, personificação do Sol na mitologia grega. Aliás, diz-nos André de Resende que “nas fraldas do monte, no próprio cimo da falésia, que se precipita no Oceano, existiu antigamente um templo consagrado ao Sol e à Lua. Dele só restam escombros nas areias litorâneas e alguns cipos indicadores de antiga superstição”
Com efeito, e diversas podem ser as superstições, vem esta curta-metragem, original
e ficcional, de João Brandão Rodrigues, questionar a mais longínqua superstição associada a
Sintra, parafraseando o geógrafo Cláudio Ptolomeu, a de “Monte da Lua, Promontório”.
Qual a verdadeira origem da adoração à Lua em Sintra? Poderá ter passado
despercebido aos olhos de todos o que de facto era venerado nos primórdios do
tempo? O filme, em forma de metáfora, dá-nos as respostas a essas questões,
servindo-se dos cenários edílicos e dos mistérios que a serra ainda hoje para si reserva e em si encerra.
Está fantástico!!! Parabéns :)
ResponderEliminarObrigado! :)
ResponderEliminarMas afinal é possível ver a curta, onde?
ResponderEliminarTambém não consigo ver..
EliminarTambém não consigo ver..
Eliminarcarregar onde diz " para ver click aqui" . Tambem podes ao Youtube e colocar https://www.youtube.com/watch?v=J9_vbBB9p3Q&feature=youtu.be .
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